o céu paulistano
estava quase não cedendo
deixando o sol imitar
aquele estilo portenho de ser
hoje, no entanto
acordou sedento
de chover chovendo.
ele,
sem titubear,
declarou:
se não chovo, ao menos descanso.
(e bem se sabe: há de se escurecer para descansar)
O escuro do quarto
O escuro dos olhos
O escuro do silêncio.
As nuvens, assim, se achegam
para choverem entre si
e lavarem todos
sem colocar,
no entanto,
na corredeira
o peso que carrega
cada coração.
o Oceano, assim,
flutua
sem Aquele peso
do que ainda não se vê
inteiro,
mas em partes
pesadas de tanto caçar
o inter(des)ruptor.
Nana meu filho,
enquanto a chuva cai,
porque enquanto existe poça
nunca haverá o fundo do poço.
Descansa, meu filho
enquanto a chuva cai,
porque o escuro
nem sempre vem
com a escuridão.
Feche os olhos, meu filho
porque quando fores
-o Oceano, -
serás filho e mãe
pai e irmã...
do mundo que deveras flutua
voando entre
e em seus dedos
bem embaixo do falso desejo.
bem aqui,
bem ali,
hoje e sempre,
fazendo a dança sensual
que parece exigir sempre
ser bem embaixo
do seu nariz.
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