segunda-feira, 4 de junho de 2012

Do meu nariz

o céu paulistano
estava quase não cedendo
deixando o sol imitar
aquele estilo portenho de ser

hoje, no entanto
acordou sedento
de chover chovendo.

ele,
sem titubear,
declarou:
se não chovo, ao menos descanso.
(e bem se sabe: há de se escurecer para descansar)

O escuro do quarto
O escuro dos olhos
O escuro do silêncio.

As nuvens, assim, se achegam
para choverem entre si
e lavarem todos
sem colocar,
no entanto,
na corredeira
o peso que carrega
 cada coração.

o Oceano, assim,
flutua
sem Aquele peso
do que ainda não se vê
inteiro,
mas em partes
pesadas de tanto caçar

 o inter(des)ruptor.


Nana meu filho,
enquanto a chuva cai,
porque enquanto existe poça
nunca haverá o fundo do poço.

Descansa, meu filho
enquanto a chuva cai,
porque o escuro
nem sempre vem
com a escuridão.

Feche os olhos, meu filho
porque quando fores
 -o Oceano, -
serás filho e mãe
pai e irmã...
do mundo que deveras flutua
voando entre
e em seus dedos

bem embaixo do falso desejo.

bem aqui,
bem ali,
hoje e sempre,
fazendo a dança sensual
que parece exigir sempre
ser bem embaixo
do seu nariz.



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