sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

The End.

Poderia
Ser
O instante do fundo
E do avesso

Poderia
Ser
O urro no vácuo
Inaudível
...em pretume.

Poderia
De repente
Cessar de ser,
(por plebiscito).

Poderia
Se
Então, do nada e pro nada.
Eu não tivesse deixado

A urgência
(de almagarrada)
De correr
atrás,
pra trás.

Poderia
Ser
Um fim de mim
Se não fosse
Um fim enfim.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Desculpas.

o horário de verão
me desculpa
de toda tristeza
que poderia existir
se não houvesse o pôr do sol da noite.

o sol em céu
me desculpa
por esmagar as folhas secas da calçada
e dançar com a música
tecida de dor pra flor.

sou toda o perdão
que dou-me a mim,
por cada instante que desvivi

sou toda o perdão
que ainda darei
a ti
- assim embalado, em papel de presente sem passado -
por cada instante que me morreu,
sem saber que também morria.

eu sou toda
a primeira morte,
jazida, estendida e chorada.
mas, ainda me espreguiço:
posto que algo me sussurra
" a tua é a última "

E a última, é quase eterna.

Mas, te liberto
dizendo ali, em voz baixa:
tudo bem
tudo é do bem.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Saying oh please.

Quando nada pode ser feito.
Nada é.

Nada :
Entre os ombros e as mãos
Entre uma orelha e outra.
Entre cada uma das vértebras.
Entre meus lábios
Entre meus pés e o chão
Entre meus olhos e meu olhar
Entre o gelo de cada um de meus dedos
Entre minhas veias
Entre cada molécula, não há.
Nenhum A.

Entre e dentro e fora
(meu deus, até você é minúsculo):

Meu sangue desliza sendo mortalha por dentro de mim.
Me banha: de nada.
Me cobre: de fim.

E nem mesmo me protege:
de mim.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Sobre o medo do Mar virar Sertão.

Em quantas vidas será possível te encontrar
E sobreviver.

Em quantas luzes e corpos posso estar e me misturar
Contigo, sem apagar?

Em quantos suspiros e respiros  - centenários...
Pode ainda existir amor?
Amor em carma
E, ainda assim: em carne.

Eu não sei se tenho algo mais
                     pra dar
Que já não tenha tido
E que não tenha sido suficiente.

Sinto-me logo boiar da porta que fecho.
Porque - de repente! - descubro: a maçaneta é minha.
E ela gela e corta minha mão, em metal dourado e reluzente.
É quase a luz no fim do túnel.
Mas : é o fim do mar.... Que é todo tecido do infinito.

E eu me pergunto:
 Como jazeria o Infinito?
Sendo ainda, eu toda (!), o oceano.

Deságuo ( sem desabar) então este Mar Morto:
Tudo o que não me cabe mais mesmo cabendo (em mim).
E chacoalho minhas ondas de todas as praias e de todo meio do caminho.

O Mar pode flutuar no oceano,
Mas o Oceano, meu lindo oceano,
Sempre engolirá qualquer Mar.

E aí encontro paradoxo divino:
Ele jaz, e morre, mesmo vivendo em mim.
Enquanto expando e beijo (amorosamente) cada nova praia.