quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Hoje.

Hoje,
eu teria asas.
e beijaria você
sem pena alguma.

Hoje,
eu teria fé
e aceitaria você
sem mágoa alguma.

Hoje,
eu seria o sim
e não pediria você
sem parte alguma.

Hoje,
eu seria a Cura
e deixaria você
em parte alguma

que não fosse
toda junta
e aqui.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A carência em prosa e da prosa sobre carência.

O problema da palavra carência é que ela é tão grande (!) que abarca o fundo e o inicio do poço. 
Podemos estar até vendo a luz lá de fora, mas enquanto não tirar os pés... 
a droga da palavra ainda serve e, pior, 
carrega toda a lembrança do caminho de subida do poço
que sabemos, eu e você, 
não sermos mais.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Um

para se abrir o Presente
há de se retirar
todos os Nós.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Quanto mais culto menos amor.


O altar que fica
é o vazio
da foto em branco
e preto
de quem foi.

O altar que fica
é o resistente
reticente
da dúvida
que é.

O altar que fica
é o silente
sem prece
ma(i)s presente
que
não será.

Não há quem se ajoelhe.
Não há quem doa.
Não há
(também)
     ar.

...Que traga
a combustão
que tanto aqui
cabe
ou de vez:
acabe.

sábado, 4 de agosto de 2012

Yoga


O chão,
em carne
viva,
segue molhado
bem fecundado
em gotas
constantes.

A água
que cai...
cai não vista.
Mesmo que beije
em seiva de vida.

Eu não abro os olhos
 - enquanto eu,
encontro nada.

Não se abre os olhos
- enquanto ali,
encontro nada.

Enquanto aqui, enquanto agora:
encontro luz.
Que discerne,
gentilmente,
a ligação:

Descoberta se faz
a chuva que cai
a gota que molha,
a carne que brota.

Desvendado é assim,
sem inicio e sem fim:
o Universo
em Yoga.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A morte lhe cai bem


    a flor que 
  cai
           é a asa
    da saia
       que dança
        e balança
     em seiva
    de corpo
                 de luz
           e prece.























Photography © Ana Gotz