sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dos pedaços arrancados no caminho

A terra que tenho
embaixo de cada pé
tem o suor frio
da noite adoentada.

O pé que tenho
embaixo de cada corpo
sustenta 
( por um fio )
o sobrepeso das almas...
que insisto carregar.

As pernas que tenho,
embaixo deste tronco,
não têm folhas,
não têm Sol,
Ou mesmo seiva.
(sequer)

O peito que tenho,
embaixo de minha face,
sustenta, mesmo infiltrado,
(bem nas partes onde perfurado)
cada eu...
que me foi.

O rosto que tenho
embaixo deste Céu,
segura(-se)
em cada eterno instante 
que olha no espelho
gelado e cortante 
do que foi e não é.
( e não será...)

Os olhos que tenho,
bem aqui
olhando para Deus,
aguentam
não mais...

a lágrima
que brota
e esquenta
a terra fria.

a lágrima 
que brota
e emprenha
a terra antes fria

a lágrima
que brota
e me deixa
à terra nada fria

não mais tenho
isso que me era
de novo e também.

Da perpétua transformação.

Não se pode ter para sempre
mas sempre se pode
não ter mais.

e ser Tudo
e ser Nada

Pois sim...
Não se pode ser feliz para sempre.
mas sempre e sempre se pode
ser feliz.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Fairies.

Uma vida
é
um respiro..
A licença poética
de Deus.

É o choro primal
de sanidade
em meio a selva egóica
perdida...
em espelhos tortos.

E eu
que nem vi você chegar
que nem vi você ainda chegar.

Uma vida
nunca é só uma
Ela vem com o universo todo
(torcendo...)
Vem toda: bem definida

E vejam só,
Bem pensaram que era menina.

Uma vida sempre será
A chance...
De acreditar, mais uma vez.

Posto que em cada canção de ninar
O som se estilhaça
E beija toda
Nova velha alma
Que brota e se espreguiça
Do outro e deste lado
Em semente...
Decidindo acreditar
(de novo e de novo!)
em Amor.


I do believe in fairies.
I do.
I do.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Som do Silêncio.

não existe arte sem dor.
profunda.
de lá de onde, não mais se discerne
o que é amor
o que é dor
o que é-não-é.

só na profundidade
é no escuro
que tenho a luz.
a luz e as cores.
o som e o silêncio.

halleluijah.halleluijah.halleluijah

não existe arte
que não seja
redenção.
de lá do fundo,
de mãos dadas com Dante e Deus.
onde nada mais se discerne...

a amplitude do não tempo
sem segundos
em cem segundos.
sem sombras
sem velas
sem você

não existe arte que não seja perdão.
Perdoe-me, perdoem-me.
Por ainda não ser, por ainda não ser
O que sou,o que somos.

Não há arte que não seja o perdão
Sentido, sussurrado e gritante
Eu  sou o dedo estendido
Da Capela da Sistina.
Não!
Eu sou a molécula que vibra entre os dedos da
Capela.E já sou todo: uma prece.

Não existe arte que não seja
O grito.
Essencial.
(Me dê a mão.)
Porque estou aqui, bem aqui,
No auge da esquizofrenia
Do falso nós.

Tudo porque 
Não existe arte que não seja
Da profundeza
Da consciência em resquício
De que eu sou
Também e desde sempre:
Você.