sábado, 22 de dezembro de 2012

Muito além da forma


E por não mais
encenar a dor
que acha que precisa,
acham que te perdi.

E por amar,
em paz,
acham que te perdi.

E por não querer
e por perdoar
o que não precisa de perdão,
acham que te perdi.

E por deixar-me
símbolo do amor
acham que não te amo mais.

E por não amar
especialmente,
acham que não amo mais.

Mundo, mundo, vasto mundo.
O amor é inexistente para quem
encena e encena,
em círculos,
a peça da redenção
para, algum enfim,
( bem futuro )
( bem ilusório )
sentir-se merecedor:
de (!)...
amor.

Encenar não é viver.
E a vida está
pacificamente à espera
sem esperar:
a estréia.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

At your service


Eu não tenho nada para falar ao mundo. Vejo agora, um eu em malabarismos.: porque seria preciso acender a luz, o que seria acender a luz e como poderia acender a luz. Passeia a arrogância aparente em pensamento.

Somente quem sentiu o que viu e viu o que sentiu entende a impossibilidade dessa arrogância. A intensidade maluca de simplesmente dar as mãos e a alma a cada olhar que simplesmente não vê.... O próprio olhar próprio de doçura e doçura em meio a uma teia de aranha tecida do próprio estômago… Nada mais poderá conseguir fazer com que eu deixe de discernir a teia do olhar e o olhar da teia. E aqui está a gratidão de cada instante, cada inspiração, cada um que se me apresenta. Muito prazer.

A prisão não resume, e o olhar que de repente escapa é olha que nos liberta. Meu Deus, como algum dia eu pude pensar que explicando e explicando, alguém sentiria isso? E então, dançando como uma bailarina entre obstáculos invisíveis, tento desenhar o que é … Deixar pra trás. Como algum dia pensei que poderia explicar o que é deixar pra trás o que pensamos que é esse nós-mesmo ? Como pensei que seria claro que entenderiam que ao abandonar tudo, que abandonar qualquer idéia sobre si mesmo, sentiriam tudo e simplesmente, experienciariam amor?

Eu não tenho nada para falar ao mundo. Porque não há palavras ou linguagem. Não há maior clichê que esse e não há verdade que não o também seja. E é só por isso, que ele é o que eu sou. E é só por isso que consigo dizer que ele me é e eu o sou, porque não há predicados ou prejudicados em amor, e em simplesmente ser. Não sou nenhuma construção coletiva - mas posso vê-la. Não sou nenhuma construção particularizada do coletivo - mas posso vê-la. Não sou nenhum condicionamento temporal e familiar - mas o vejo. E os vendo, eu não os sou. Porque o objeto, até que enfim, é discernido do sujeito.  E vendo-os, deixando-os ser, reconheço a liberdade que busquei freneticamente até então. 

Já dizer meu nome até mesmo me soa, por vezes, estranho. Adoro que me chamem de amor. Oi meu amor… E nem mesmo ligo do meu aí, ele tenta mesmo estar em todos os lugares. Mas por vê-lo, ele não mais me é também. Poucos ainda os que praticam em prática a todo quase-instante: Dhyana. Como poderia pensar que em uma mesa e uma cerveja eu conseguira dizer à existência que a única coisa que ela precisa é saber-se existindo ? Mas, mesmo que ela não saiba, ela existe… Entende? Insiste em dizer: eu tenho uma vida. E eu só insisto em saber que você é a vida.

Eu não tenho o que dizer. Mas, eu posso dar tudo o que sou… Em realidade, não é nem uma escolha. 
E nesse instante, em algum momento, a defesa trêmula, desvanece. E aqui está: seu olhar de quem se deu por um instante, sem preocupação, sem medo, sem dor - sabendo-se aceito. Esse é o instante eterno - a intensidade, a intimidade, a conexão, o fora-do-tempo. Por isso, conseguimos conceber a frase: o amor é eterno. Poucas coisas podemos dizer em tantos tempos e continuar parecendo poder ser verdade, não?

Meu Deus, estamos com febre. E eu estive com febre por toda minha vida simplesmente porque não sabia que não era impossível ser saudável. "E por não saber que era impossível, ele foi lá e fez". Como explicar que conhecer a si mesmo é conhecer a Deus? Como é possível explicar que Deus mesmo não existe, porque Deus foi criado depois de Deus já existir. A vida é. A vida é. A vida é… E eu sou.

E você é. E você pode reconhecer a si mesmo por qual ritual você se sentir confortável. Da arte a mística - com conceito , "Você é Amor" , à tentativa de fugir dele,  você é Nada e é Tudo. Mas, escolha com carinho, escolha escolhendo. E isso não é nada fácil quanto soa. Porque sim… Aonde você coloca seu foco, sua realidade se constrói:

Se você se entender na ideia de que é preciso evoluir… Você precisará evoluir. 
Se você se entender na ideia de que é pequeno… Será pequeno.
Se você se entender na ideia de que é errado… Será errado.
Se você se entender na ideia de é preciso lutar…Você viverá lutando.
Se você se entender na ideia de que  é nada e é tudo…Você será nada, será tudo.
Se você se entender como amor fino… Você será o amor fino.

Você escolhe, mas continuará sendo o que não pode deixar de ser, mesmo então: a vida.

Eu não tenho nada para falar ao mundo.  A cada um que me vier com uma dor, darei uma cor - ou o cor. Simplesmente porque o atrás dela ficou tão palpável.  Simplesmente porque não há mais nada que eu possa fazer. Não há mais nada além disso.

Como poderia pensar que há algo a ser feito que  não seja se relacionar escancaradamente com cada um que se apresenta e simplesmente vislumbrar-mo-nos ? 


Hear my souls speak...Of the very instant that I saw you, did my heart fly at your service.





Citação 01 - Cada hora um fala que é de alguém. Cocteau, Twain. Foda-se.
Citação 02 - Shakespeare, Tempestade. 



segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Calcanhar


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Metáfora que não chega


Sorrio pela ponta dos dedos
os dedos que sorriem pelo livro
o livro que sorri pro dedo

Deus meu,
meu coração não aguentou mais.

Quem mentiu que ele daria conta
de ser metáfora do Amor?

Pensando ser possível:
tercerizei um pouco.

Mas a trindade
é, também,
uma ilusão.

Fico aqui,
assim e então,
explodindo


em implosão.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Entusiasmo ou En Theos.


Que abismo há
quando se dá
comprando
obrigado:

a(h!) étiqueta
aqui jaz O bonzinho.

Que abismo não há
quando se dá
só pra vetar,
mesmo que por um instante,
nada instantâneo,
que se esqueçam
da doçura

que
é
e, assim,
são.

Pensar e Salvar


Ai de quem me salvou
sem saber que salvava
Ai de quem pensou salvar
o que nunca precisou
ser salvo.
Ai de quem só pensou
e não salvou
(-se)