quarta-feira, 20 de julho de 2011

Minha Nota.

(Achei esse texto em folhas velhas, faz uns 7 ou 6 anos que escrevi, tinha uns 18 anos ou 17...Mas, achei que, mesmo adolescente, ele é muito agora e espero que não sempre)

Esqueceram de mim. E nem bem sei se cheguei a olhar assim, algum de perto.
Eu também ando na capital, mercadorias ainda me espreitam. Eu compro tudo: da lágrima teatral a performance da notícia. Eu compro mesmo dormindo: o sonho do eterno futuro e o medo. Eles me mandam correr e o despertador nem tocou ainda. Não precisa, eu pulo antes mesmo dele (Será que ele tá certo mesmo?).
É tudo o que me rodeia, mas não me repara... Apesar de me conhecerem, as vezes penso, mais do que eu. Sabem meus desejos... Tem minhas revoltas em camisetas estilosas...Meus medos, angústias, utopias que nem me deixam mais saber ao certo: serão de fato?. Sou a técnica da universidade mais cotada do país. Sou o terno Armani do empregado criativo que também é primo do dono.  Sou técnica, técnica e técnica. E assim, fico de lado pensando estar ao centro, fico de lado, mas sem cantos...Sem parede nua para encostar-se. Avulsa, mas ainda no atacado.
As notas que carrego no bolso são meu código de barras, é a nota que o mundo me dá. Mas... Os últimos serão os primeiros.
Meu Deus, me vendem palavras, caras palavras que me acariciam. Eu aceito. Aceito qualquer coisa, porque não estou aceitando nada.Esqueceram de mim, e agora, querem que eu também me esqueça.
Mas, é na sombra da curva e da moita. É na esquina da madrugada eterna. É no momento do toque viscoso na baleia e do fundo do mar , que existem em cada fração de choque entre mim-mesma e esse racional, que reside (não jaz!) a chance, a grande e pequenina chance do herói.

* Em itálico, citações de Carlos Drummond de Andrade.

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